quinta-feira, 9 de agosto de 2012

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UMA NOVA BELLA





Tudo estava tão claro.
Nítido, definido.

A luz no alto ainda era ofuscante, e no entanto eu podia ver cada cor do arco-iris, na luz branca,  e na extremidade do espectro uma oitava cor para o qual eu não tinha nome. Por trás da luz eu podia distinguir cada fibra da madeira escura no teto. A luz. conseguia ver os grãos de poeira no ar, os lados que a claridade tocava e os lados escuros,  distintos e separados. Giravam como pequenos planetas, movendo-se em torno uns dos outros numa dança celeste.
A poeira era tão linda que eu inalei, chocada; o ar assoviou por minha garganta, fazendo rodopiar os grãos de pó. A ação parecia errada. Pensei no assunto e percebi que o problema era que não havia alívio ligado á ação. Eu não precisava de ar. Meus pulmões não esperavam mais aquilo. Eles reagiram com indiferença ao influxo.
Eu não preciso se ar, mais gosto dele. Com ele eu podia saborear o quarto, á minha volta - saborear os adoráveis grãos de poeira, a mistura do ar estagnado com o fluxo levemente mais frio que entrava pela porta aberta. Saborear um luxuriante sopro de seda. Uma leve sugestão de alguma coisa quente e desejável, algo que devia ser úmido mais não era...Esse cheiro fez minha garganta arder, seca, um fraco eco do ardor do veneno, embora o odor estivesse, contaminado pela intensidade do cloro e da amônia. E mais que tudo, eu podia sentir o gosto de um cheiro parecido com mel, lilás e sol, que era o mais forte e o mais próximo de mim.


Via: Saga Crepúsculo Amanhecer
capitulo 20
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